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CCFF • Coleção de Culturas de Fungos Filamentosos

Histórico

A história da Coleção de Culturas de Fungos Filamentosos do Instituto Oswaldo Cruz (CCFF/IOC) caminha pari passu com a própria história institucional e por isso a mesma é considerada uma coleção histórica. O Instituto foi criado em 1900 com o objetivo de produzir soro e imunizantes contra a peste-bubônica que assolava a então capital federal, a cidade do Rio de Janeiro. Em 1919, Carlos Chagas, diretor do Instituto neste período, designou a Olympio da Fonseca Filho a especialização na área de Micologia e, para isso, com um acordo com a Fundação Rockefeller, foi concedida a ele uma bolsa de estudos nos Estados Unidos, o que permitiu sua capacitação em várias instituições americanas.

Durante sua estadia nos EUA, os vários fungos isolados e doados principalmente por Charles Thom permitiram organizar uma coleção de 800 exemplares, que segundo relatos do próprio Olympio da Fonseca se tornaram um cartão de visita que abriu as portas de muitos centros de pesquisa da Europa. Em fins de 1922, Olympio da Fonseca retornou ao Brasil e ainda sob a direção de Carlos Chagas, foi confiado a ele o encargo de criar a Coleção de Culturas de Fungos Filamentosos e organizar e chefiar a “Secção de Micologia” do Instituto Oswaldo Cruz.

Assim, no período de 1922 a 1937, Olympio da Fonseca manteve valiosos intercâmbios científicos com publicações de vanguarda, que proporcionaram reconhecimento nacional e internacional dos gêneros e espécies estudadas. Ele teve como discípulos Arêa Leão, Floriano de Almeida, Pereira Filho e Jorge Lobo; alguns dos quais foram forçados ao afastamento pela ditadura de Vargas, durante o regime discriminatório do chamado Estado Novo. Para atender ao princípio administrativo da época a "Secção de Micologia" passou a ser chamada de Laboratório de Micologia do Instituto Oswaldo Cruz, sob a chefia e colaboração do Dr. Arêa Leão. Em 1953 foi publicado o primeiro catálogo de fungos que integravam o acervo do Laboratório de Micologia do Instituto Oswaldo Cruz.

A CCFF contribuiu com mais de cem culturas dos gêneros Penicillium e Aspergillus para o acervo da Coleção do Bureau of Chemistry, do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos da América. Parte deste material foi utilizado por Charles Thom para escrever seu clássico The Penicillium (1930), no qual por várias vezes encontram-se referências à CCFF. Anos mais tarde, parte deste mesmo material foi usado por Charles Thom e Kenneth B. Raper para escrever o clássico A Manual of the Aspergilli (1945). E no The genus Aspergillus (1965) escrito por Raper e D.I. Fennell há também referências à CCFF. Dentre as linhagens enviadas a Thom, duas eram espécies novas, Penicillium brasiliensis e um Aspergillus do grupo niger que recebeu de Thom e Raper o nome de Aspergillus fonsecaeus. Esta última linhagem mostrou-se de grande importância na indústria, quando Kenneth B. Raper e Doroth I. Fennel, através da ação dos raios ultravioleta, obtiveram um mutante do qual O. L. Galmarini; F. H. Stodola; K. B. Raper e D. I. Fennel, em 1962, isolaram uma nova substância química a que deram o nome de fonsecina.



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